Domingo de Ramos
Domingo de Ramos é memória do cheiro a rosmaninho florido e alecrim, encontro com a família e a festa dos ramos. Fazíamos contratos entrelaçando os dedos mindinhos.
“Contratos, contratos,
Contratos faremos,
Sábado Aleluia desmancharemos.
– Olha para o céu!
Era a senha e quem ganhasse, ganhava o saco das amêndoas no Domingo de Páscoa.
Domingo de Ramos era o dia de pedir palmitos das palmas bentas que acompanharam a procissão e com eles fazíamos castelinhos para guardar amêndoas. Também os levávamos para casa e ficavam guardados como relíquias protetoras. Nos dias de trovoada, queimavam-se na lareira e rezava-se a Santa Bárbara, para que afastasse os trovões e o medo.
“Santa Bárbara Bendita
Que no céu está escrita,
Com raminhos de água benta,
Livrai-nos desta tormenta”.
E a trovoada afastava-se enquanto a devoção e a tranquilidade nos enchiam o coração.
Hoje é Domingo de Ramos, não houve procissão, não houve bênção das palmas. Assistiu-se à missa pela televisão ou internet, cada um na sua casa.
A Fé não se explica nem discute, sente-se. Os tempos e as tradições mudam, tal como as circunstâncias da vida, mas a Fé mantém-se. Foi o dia da festa dos ramos e abre-se o portal para a Semana Santa. Depois da entrada triunfante em Jerusalém, Jesus foi traído, julgado e condenado à morte. E tudo aceitou por amor. É um tempo de reflexão e de introspeção, porque nós, peregrinos neste Mundo, fazemos parte de uma sociedade volúvel que num dia reverencia e no outro condena.
Isolada no meu lar, celebro a Semana Santa, partilhando a esperança na redenção e no afastamento de todo o mal que nos aflige.