Hoje é dia da mãe. Também sou mãe, mas hoje sinto-me mais filha. Uma filha com o coração esburacado, porque uma parte dele acompanhou a minha mãe na sua grande viagem. E aqui estou eu, de lágrimas a escorrer pelo rosto, um nó na garganta e a sentir uma imensa saudade. Mas ao mesmo tempo um sorriso nos lábios ao evocar tantas memórias. Foram sorrisos, olhares – a minha mãe dizia tudo com um olhar, e a imensa dádiva de si e de tudo o que era seu. Era assim a minha mãe, (...)
Lembro-me bem dela. Chamava-se Quitéria, sempre aprumada e decidida. Usava um carrapito de cabelos grisalhos e quase sempre o lenço atado ao pescoço. Tinha a passada rápida, o olhar directo que parecia ver para além do que lhe queríamos mostrar. Vestia-se de cinzento, sempre com um grande avental engomado. Era uma pessoa diferente. Os outros pediam-lhe conselhos, respeitavam-na e temiam-na. Quando era criança, as meninas não iam à escola, muito menos as meninas que viviam no meio (...)
Domingo de Ramos é memória do cheiro a rosmaninho florido e alecrim, encontro com a família e a festa dos ramos. Fazíamos contratos entrelaçando os dedos mindinhos. “Contratos, contratos, Contratos faremos, Sábado Aleluia desmancharemos. – Olha para o céu! Era a senha e quem ganhasse, ganhava o saco das amêndoas no Domingo de Páscoa. Domingo de Ramos era o dia de pedir palmitos das palmas bentas que (...)
Esta casa já esteve cheia. Uma casa que foi e continua a ser o nosso lar, o nosso lugar neste mundo, não importa onde estejamos. Três gerações conviveram nesta casa. Os filhos a brincar e a crescer, os pais sempre apressados, atarefados com as saídas para o trabalho, os sonhos por realizar, as contas para pagar, a falta de tempo, as preocupações com os filhos e a presença tranquila dos avós, o nosso porto seguro, a sabedoria que ficava na retaguarda a amparar, a ajudar e a (...)
Aquilo que imaginamos é pior que a realidade que vivemos. O que imaginamos causa medo porque receamos o desconhecido. O medo envolve as pessoas, causa aquele frio no estômago na incerteza do que está para chegar. E deparamo-nos com comportamentos absurdos e desconcertantes. Um exemplo disso é esta louca e frenética procura de papel higiénico. Que ligação poderá existir entre o problema que enfrentamos e acumular papel higiénico? O meu entendimento não chega lá. Mas (...)
Realmente o tempo passa depressa.
O tempo passou e a minha vida foi passando também, na sua curva descendente...
E pergunto, a idade tem assim tanta importância?
Continuo a ter sonhos, sentimentos, ideais, vontade de fazer coisas...
Mas o ritmo é diferente e a forma como as coisas me atingem também. Tanta coisa deixou de ter importância, outras, poucas, têm uma importância redobrada.
As memórias levam-me com facilidade à meninice e à juventude. Levam-me à presença dos (...)
Tanto tempo sem vir aqui...
A vida vai passando, nós vamos sobrevivendo, na maior parte das vezes vítimas das nossas escolhas. Hoje comemoro o dia de uma escolha importante - o dia do meu casamento. Já lá vão trinta anos. Trinta no dia trinta! Tanta coisa se passou e o tempo tem esta coisa engraçada - parece que foi ontem. Foi uma boa escolha!
- Obrigada por estes trinta anos, por todos os bons momentos que passámos juntos, pela atenção, companheirismo, amor e amizade. Sei que (...)
Dia do animal - pelo menos que num único dia do ano haja mais alguma sensibilidade para eles, já que nos outros dias as suas condições de vida são diminuídas e os maus tratos e abandono aumentam. Pergunto-me, como é que essas "criaturas" conseguem encostar a cabeça na almofada e dormir depois de deixarem um animal indefeso abandonado à sua sorte? Não sei nem consigo entender. A lei diz que há multas para o abandono de animais, mas até ao momento não tenho (...)
No dia vinte e oito não consegui escrever nada, mas não posso deixar a data em branco. Era o seu dia de anos, era um dia diferente... continua a ser. Também eu sou uma pessoa diferente, vejo a vida de outra maneira, tomei consciência da nossa passagem por aqui. Tenho saudades suas, faz-me falta, mas embora não receba respostas verbais, todos os dias converso consigo, peço-lhe conselhos, conto o que se passa. As nossas conversas tranquilizam-me, dão-me força para enfrentar a vida. (...)
Tal como diz a cantiga, embora o Verão já esteja à espreita, a Primavera ainda é rainha. Este cantinho abençoado continua a iluminar e a dar beleza aos meus dias. As imagens falam por si. HORTENSES LÓTUS AMORES-PERFEITOS Para todos os que visitam este espaço.